26/10/2020 às 12:00 Produtividade

“Mind like water”: o segredo para a produtividade sem stress

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7min de leitura

Por Deysi Sousa

Colaboradora no Soror Studio e apaixonada por empreendedorismo e autodesenvolvimento.

A primeira vez que vi o termo “Mind like water” foi no famoso livro Getting Things Done (A Arte de Fazer Acontecer), do autor David Allen. Esse, por sinal, é um daqueles livros que me fazia sentir como sendo a única pessoa do universo que ainda não o tinha lido, uma vez que não é um livro recente e já foi comentando tantas vezes em várias discussões sobre produtividade que li ao longo dos anos. 

A Arte de Fazer Acontecer - David Allen

Nunca acreditei que ele solucionaria magicamente todas as minhas dúvidas sobre produtividade, mas obviamente sabia de sua importância no assunto e seu número de vendas fala por si só.

Ainda não terminei de lê-lo, mas a quantidade de reflexões e mudanças que ele já causou na minha vida me faz ter a certeza de que foi uma escolha certa e esse texto é prova disso.

Então, se você também está tentando melhorar a sua produtividade e a sua vida encontra-se atualmente um “pouquinho” caótica quanto a isso, vem comigo que ao final desse texto você você terá, espero, um pouco mais de clareza.

Mente como a água, o conceito

A expressão “mente como a água” se refere a algumas características que a água apresenta quando recebe algum estímulo.

Por exemplo, ao jogarmos uma pedrinha na água, ela se agita proporcionalmente àquele acontecimento, mas brevemente retorna ao seu estado anterior de paz. Da mesma forma, no extremo oposto, na ocorrência de uma tempestade a água se agita e se revolta de maneira violenta, proporcional ao tamanho da tempestade. Porém, assim como no caso da pedrinha, após a tempestade passar ela também retorna rapidamente ao seu estado original de paz e tranquilidade.

Perceba que a água não deixou de responder aos estímulos externos (pedrinha/tempestade). Ela agiu de forma apropriada em ambos os casos, dando a atenção e resposta equivalente ao que aconteceu com ela. 

E, assim que o estímulo passou, ela voltou seguramente ao seu estado natural de calmaria.

Você consegue fazer agora um paralelo sobre como uma mente como a água se comportaria?

Simples: uma mente como a água é uma mente que permanece sempre em estado de paz, pois esse é o seu estado natural. E quando os problemas acontecem, como sempre irão acontecer, é uma mente capaz de processar adequadamente o que está na sua frente e responder à altura, sem uma reação exagerada para nenhum dos lados (apatia ou desespero). E, depois que o problema passa, é uma mente capaz de voltar rapidamente ao seu estado de tranquilidade, pronta mais uma vez para lidar com as próximas situações que indubitavelmente surgirão.

Esse conceito é emprestado das artes marciais, especialmente do karatê, onde o lutador deve buscar estar sempre nesse estado de “mente como a água”, pois assim estaria sempre pronto para responder apropriadamente ao seus estímulos. Neste caso, os ataques de um adversário.

Ao pesquisar o termo no Google um dos primeiros resultados é essa entrevista com Bruce Lee onde ele fala sobre “esvaziar sua mente”:

Tradução livre:

“I said empty your mind. Be formless, shapeless, like water. You put water into a cup, it becomes the cup. You put water into a bottle, it becomes the bottle. You put it into a teapot, it becomes the teapot. Water can flow or it can crash. Be water, my friend."

“Eu disse esvazie a sua mente. Seja sem forma, como a água. Você coloca água em uma xícara, ela se torna a xícara. Você coloca água em uma garrafa, ela se torna a garrafa. Você a coloca em um bule, ela se torna o bule. A água pode fluir ou pode quebrar. Seja água, meu amigo.”

Consegue ver a semelhança entre os conceitos? Não por coincidência o próprio David Allen fez karatê por muitos anos, inclusive conseguindo a faixa preta. Se você tiver ficado com um pouco de curiosidade sobre as similitudes entre karatê e a metodologia GTD, no site oficial o próprio autor escreveu um texto falando sobre isso. Confira: 10 Reasons GTD is Like Karate

O que acontece quando não temos uma “mente como a água”?

1. Ansiedade perante a quantidade de coisas que temos que fazer

Tenho certeza que você já experimentou isso: perder mais tempo pensando sobre tudo o que você tem que fazer ao invés de estar fazendo. Sentir-se perdido(a) sobre o que você deve fazer primeiro. Ter total clareza que várias coisas precisam ser feitas, mas não conseguir se mover para fazer nenhuma delas, nem mesmo as mais simples.

2. Falta de controle

Esquecer um compromisso importante. Perder o prazo da entrega de algo. Mesmo quando está ocupado(a), sentir que talvez você ainda continua esquecendo de coisas mais importantes e não está usando o seu tempo da melhor forma. Em poucas palavras: uma sensação angustiante de que você não está totalmente no controle do seu dia.

3. Culpa

Imagine a cena: quarta-feira à noite, depois de um dia longo de trabalho, você senta no sofá e começa a assistir uma das séries que você mais está gostando no momento. Essa é a hora perfeita para relaxar, certo? Errado. Sua mente começa a se dispersar e você começa a pensar sobre todas as coisas que não pode esquecer de fazer no dia seguinte. Ou pior, talvez comece a pensar sobre tudo que você não conseguiu fazer e, ao invés de descansar, se sente culpada(o) porque não foi produtiva(o) como deveria. 

4. Reações exageradas ou simples demais

A vida nunca falha em nos trazer novidades e novos problemas a resolver. Tudo isso pode variar em grau de importância ou significado, mas, quando nós já estamos estressados e preocupados, é comum perdermos a visão geral das coisas e reagirmos de forma desproporcional. Talvez nos preocupamos demais com aquela reunião que no fim das contas não era tão importante assim. Talvez esquecemos daquela consulta ao médico que era super importante e estávamos esperando há semanas porque a nossa cabeça estava girando com uma simples lista de supermercado. Sem um estado de calma e controle, nossas emoções podem levar o melhor de nós até mesmo em atividades triviais do dia a dia.

5. Seu escritório torna-se sua mente (e ela é péssima nisso)

Nossa mente é maravilhosa e capaz de criar coisas incríveis, mas em uma coisa ela notoriamente não é boa: guardar informações e lembrar-se delas no momento oportuno. Ao tentarmos usar nossa mente como nosso escritório pessoal, guardando TUDO lá e confiando que isso irá funcionar, trazemos uma quantidade imensa de stress e preocupação para o nosso dia a dia, usando uma energia mental preciosa que poderia estar sendo usada para novas ideias e solução de problemas.

“Sua mente é para ter ideias, não para guardá-las.” David Allen (original: “Your mind is for having ideas, not for holding them.”)

6. Sensação constante de falta de tempo

Quantos de nós temos algum tipo de pensamento parecido com esse: “Ah, se eu tivesse pelo menos mais duas horas livres no meu dia eu conseguiria fazer tudo o que preciso!”

Bom, sinto muito informar, mas isso é apenas uma doce ilusão que falamos para nós mesmos para nos sentirmos melhores. Se você não consegue o mínimo de calma e produtividade no tempo que já tem, essas duas horas a mais seriam apenas duas horas a mais do mesmo: um sentimento de preocupação, stress e confusão mental.

David Allen fala sobre isso nesse TEDx Talk que vale muito a pena ser assistido (não tem legendas em português infelizmente):

Como alcançar então o estado de “mente como a água” e manter a produtividade sem o stress?

Para realmente conseguir ser criativa, ter boas ideias e estar presente de forma completa em todos os momentos que precisa da sua atenção, você precisa de espaço na sua mente.

Precisa tirar dela e colocar em outro local todas as suas próximas ações, seus projetos, suas ideias… Desde a “tenho que tirar o lixo” a “nossa, essa ideia pode mudar o meu negócio!”.

Todas essas dúvidas, preocupações, atividades burocráticas, ideias geniais… Tudo isso não deve estar na sua mente. E quanto mais tempo permanecem na sua mente, menos a chance de que elas aconteçam como e quando deveriam.

Nossa atenção é requisitada todo o tempo: chega um novo email, 5 mensagens no WhatsApp, 2 ligações… Nosso filho nos chama, o interfone toca, chega notificação do Instagram sobre aquela live que você queria muito ver.

Esse fluxo de informações não vai mudar e provavelmente venha a aumentar no futuro. O que você e deve fazer é pensar em um sistema para você, que você confie, onde você possa colocar TUDO o que fica rodando na sua mente e fazer essas coisas existirem fora da sua mente brilhante que pode ser mais útil em tantas outras coisas.

Online, físico, software, papel, aplicativo, lápis, caneta, planner… Todas essas são opções viáveis e válidas. O principal disso tudo é você, sua mentalidade e como você as usa.

Para conhecer mais sobre a metodologia Getting Things Done indico muito esse artigo da Thais Godinho: GTD (Getting Things Done) – ou a melhor metodologia de produtividade que existe

E, claro, vale muito a pena também ler o livro. Não é uma leitura tão fácil nem divertida, mas com certeza irá lhe fazer ter novas reflexões acerca da própria produtividade e forma de fazer as coisas acontecerem.

Não pare por aqui. Continue pesquisando, melhorando seus processos, tentando. O principal é seguir em frente e buscar sermos melhores do que já fomos. O resto vai acontecendo e mudando junto com você.

26 Out 2020

“Mind like water”: o segredo para a produtividade sem stress

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